Paraná fez 950 mil atendimentos de reabilitação de autismo no ano passado 31/03/2017 - 11:10
Próximo ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, em 2 de abril, a Secretaria Estadual da Saúde reforça a importância da intervenção precoce em crianças diagnosticadas com a síndrome. Em 2016, foram 950 mil atendimentos de reabilitação realizados no Estado, 63 mil deles em crianças.
“A data foi criada para conscientizar a população e derrubar preconceitos sobre esse transtorno que acomete milhões de pessoas no mundo. No Paraná, o tema não é esquecido. A criança diagnosticada autista é atendida por uma equipe multiprofissional de forma integral pelo Sistema Único de Saúde”, explica o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto.
Existem hoje no Estado 234 estabelecimentos de saúde que prestam serviço pelo SUS a pessoas com autismo, dentro das Redes de Atenção Psicossocial e da Pessoa com Deficiência. Os locais estão distribuídos pelas 22 Regionais de Saúde do Paraná em Centros de Especialidade, Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e Centros de Reabilitação.
“O reconhecimento precoce e o atendimento integral com terapias variadas em áreas como fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional, por exemplo, podem reduzir os sintomas e incentivar o desenvolvimento neuropsicomotor e a aprendizagem desses pacientes”, explica a coordenadora de Saúde da Pessoa com Deficiência, Raquel Bampi.
TRANSTORNO – O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio neurológico caracterizado por uma síndrome comportamental que envolve dificuldade de interação social e de comunicação. Também pode estar associado a transtornos de desenvolvimento e deficiência intelectual.
Embora o diagnóstico definitivo de transtorno do espectro do autismo só possa ser firmado após os três anos de idade, a identificação de risco deve ser feita precocemente. É o caso de Rafael, de cinco anos, que teve os sintomas reconhecidos há dois anos e hoje já tem diagnóstico de autismo moderado.
“Estava vendo uma reportagem sobre o transtorno e fui identificando meu filho naquela descrição. Ele tinha crises nervosas e quase não falava. Agora, depois de dois anos de tratamento, muita coisa mudou. Ele já consegue conviver com outras crianças e ficar em ambientes com mais pessoas. Um grande avanço”, comemora a mãe, Katlyn Klakosky.
INSTITUIÇÃO – Rafael mora em São José dos Pinhais e recebe tratamento na Associação Mantenedora do Centro Integrado de Prevenção (Amcip), em Curitiba. A instituição atende a mais de 120 pacientes de zero a 6 anos com problemas neurológicos. Atualmente, 42 desses pacientes são autistas.
“A criança vem por encaminhamento do serviço de saúde e passa por uma avaliação multiprofissional, com neurologista, fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, pedagogo, assistente social. Essa equipe cria um plano de atendimento específico para ela, alguns vêm três vezes por semana, outros todos os dias”, comenta a diretora da Amcip, Anelise Pires.
A diretora também reconhece a importância do tratamento precoce. “É fácil perceber que as crianças que chegam aqui bem pequenas evoluem muito mais rápido do que aquelas que já chegam maiores e que nunca passaram por nenhum tipo de estimulação antes”, diz.
EVOLUÇÃO – O paciente Henrique, de 3 anos, já é paciente da Amcip há um ano. Recebeu laudo de autismo moderado. “Antes do tratamento era muito complicado estar com ele no meio de pessoas. Eu nem podia pensar em pegar ônibus, ele ficava agitado e nervoso. E essa foi a primeira mudança que percebi, a social”, conta a mãe Adriana dos Santos.
As mães de autistas comentam que receber o diagnóstico causa um susto, mas que a situação pode ser enfrentada. “Quando soube, não foi fácil e algumas situações ainda não são tão simples. Mas a gente tem que ter paciência, muita paciência, e principalmente muito amor. Sem isso não será fácil para eles vencerem esse problema. O apoio da família é essencial”, finaliza Katlyn.